10 junho, 2015

Enquanto imersos numa suposta realidade que se projecta em alicerces de oposição conceptual, onde colocar a essência do ser, do indíviduo, da pessoa?
É mais fácil definir algo pelo reflexo do seu contrário, relegando para segundo plano o símbolo, sublevando o objecto interpretado pela reacção sensorial.
As gentes gostam de se ver ao espelho, mas este devolve apenas o produto original: não há espaço à relativização.
Colocamo-nos em frente a outros: definimo-los a eles; julgamos.
A definição por comparação é útil ao pragmático, ao que não tempo de ter tempo. Objecto por objecto, olho por olho, cinzas às cinzas, enquanto os comboios passam.
Assim, tornamo-nos redundantes. Conhecemos o mundo num só sentido. Somos redutores reduzindo-nos a nós mesmos à mercê da opinião alheia, reduzindo os outros a meias-ideias malformadas.
Somos gente. Tanta gente e tão poucas pessoas.




Sem comentários: