De quando em vez.
Deleita-se o Homem com pequenas imagens congeladas; num esforço, ingrato e condenado à partida, de desafiar o Tempo, ali quer permanecer para sempre. Por vezes não quer o futuro, quer apenas ficar-se pela efemeridade daquele Momento perfeito, em que todo o universo parece conspirar para uma composição perfeita. Finalmente!
Por birra e à força, recusa aceitar que se torne passado. E assim se despoja de toda a ambição, porque o que lá vem, com o Tempo, não será mais que mágoa e saudade do Momento ido. Uma melancolia que o aflige por antecipação.
E assim também o Homem pára, também ele se torna uma pequena imagem congelada. E, também em deleite, dedicará toda a sua existência a si mesmo, nesse Momento; viverá em função desse de si mesmo, nesse Momento; extingue-se a si mesmo, nesse Momento.
Mas o Tempo sempre vem. Maldito e intrujão, sem escrúpulo ou solidariedade. E consome o Homem; consome o Momento. No final, Homem e Momento já não se distinguirão, trucidados e feitos em amálgama, serão um só. Uma massa disforme e cinzenta, esmagada eternamente pelo Tempo, sem piedade. Mas é o preço a pagar. E o Homem assume-o em gosto e orgulho.
E morre com um sorriso.
Mas só de vez em quando.
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