05 abril, 2009

Vou flutuando. Por vezes os meus olhos pregam-se no chão e, vendo a calçada, começo a imaginar que histórias contaria se ao luxo de falar se desse. Provavelmente não teria muito para me contar se a sentasse numa mesa de café, apenas ralas histórias sobre almas que se arrastam, absortas na inércia mecânica que lhes é imposta desde tanto quanto se conseguem lembrar.

Imagino-a, de longos e grisalhos cabelos, tragando um cachimbo de madeira envelhecida, de pele enrugada e marcada por beatas de cigarros, de face serena e enrugada pela chuva e pelo sol. No seu olhar existe uma certa melancolia mas o seu orgulho não deixa que isso transpareça no seu discurso. Está resignada mas não se permite a mostra-lo. É um espelho da vida.

E eu, em não ousando tocar-lhe vou, portanto, flutuando.

Sem comentários: